Assim como o pão nosso ( de cada dia) cada um tem a sua dor. E por mais que se diga que tristezas dividas são dissipadas, existem dores que precisam ser digeridas dentro do indíviduo e não há nada de fora que possa auxiliar este processo. É como o pão: é preciso consumir de fato para depois poder usufruir de sua energia.

Há dores e dores…”dores pão” e dores mais superficiais, que curam com um abraço…

Estes tempos fiz uma breve pausa e no cessar das atividades percebi que era hora de assumir minhas dores. Aquelas firmes e fortes como pão. Aquelas que sustentam, mas que também pesam: a constatação das escolhas e suas consequências, dos caminhos que não foram e nunca mais poderão ser trilhados, o peso das culpas que não são minhas (nem de ninguém!), a certeza do que não depende de mim mas afeta diretamente minha vida. A verdade que não é passível de mudança, mas urgente de aceitação. O papel de vítima que não pode caber mais nem no mais remoto canto ou suposição de meu íntimo. 

Neste processo todo, se remorsos não adiantam, pelo menos as lágrimas parecem fundamentais: chorar as dores, como se o pranto ajudasse a dissolver a dor nossa de cada dia, (a digerir o pão!)…de tantos dias contida que uma hora parece tão concreta quanto uma bomba!

E eis que a bomba explode. As pessoas que nos amam querem ajudar a juntar os pedaços. Mas não. É hora de varrer tudo para longe, solitariamente e sem pudor, é hora de zerar os estoques, chorar as angústias assumidas e lavar a alma e o coração. Deixe chorar. Deixe sofrer. Deixe, simplesmente… E este processo que dói também fará crescer. 

A dor nossa de cada dia. Cada um tem a sua. E é claro que a do outro sempre parece mais amena. E se assim for (e que assim seja!) Melhor para nós, que podemos aprender mais. Realmente não tenho dúvida: o que não nos mata, nos deixa mais fortes. As cachoeiras que o digam!

E no final, que siga a oração:

A dor nossa de cada dia nos daí hoje…perdoa-nos as nossas dúvidas assim como nossas culpas (e desculpas). E não nos deixa cair sem que a dor seja processada e se transforme em impulso para seguir adiante!