A coragem e o “SE”

Quem (ou o que) nos ensina a ter coragem? A coragem necessária para crescer e construir diariamente a felicidade… a coragem também de fazer concessões e vistas grossas em nome de um ideal…coragem de se permitir…coragem de esquecer o julgamento… coragem de assumir e seguir escolhas.

Sempre aprendi e vivi que o certo é o certo mesmo que todos estejam fazendo errado. Que discurso e ação devem sempre andar juntos. Contudo, nas curvas da vida e em especial nestes tempos de pandemia percebi que levar adiante esta máxima é carregar uma cruz deveras pesada, que nos arrasta a uma jornada solitária. E é sozinha que muitas vezes me pergunto e até me culpo porque tantas vezes eu paro ao longo do caminho e em outras  tantas eu mudo de rumo. Será fraqueza?  Ou será intransigência? Buscando uma resposta positiva, percebi que pode ser coragem, ou “apenas”  realismo. E confiança na vida. Clareza para desapegar do que não pode ser mudado… e agarrar-se com unhas, dentes e paixão ao que faz os olhos brilharem. Assim, ao invés de insistir em um sapato que não serve mais, eu me mudo, para não me ferir. 

Nestas mudanças – que não são fáceis, mas necessárias – eu muitas vezes me perco nos “SEs”…  Quem nunca? Quem nunca olhou para o lado e considerou que a vida do outro é muito mais fácil, privilegiada, cheia de oportunidades… Quem nunca chegou ao limite de suas forças e aceitou o papel de vítima? É preciso coragem para seguir.

Nestes tempos de isolamento social, em que somos aconselhados à nos alimentarmos com boas lembranças o “SE” tem me visitado com frequência e me desviado do caminho “pro-positivo”.  Ao contrário da estrada, onde o “S” dá uma trégua nas subidas e permite um novo ângulo, o “SE” da vida é um beco sem saída se ele volta nossos olhos para o passado. O que está feito, está feito. Não há possibilidade de corrigir o rumo percorrido. Não há como pular para a estrada do outro. Não existe mágica.  O “SE” é o exercício mais inútil que só consome as energias  que precisamos para sonhar e realizar. O “SE”, é uma armadilha confortável! E, como tantas vezes na vida, me dou conta que o conforto só nos afasta de nossos sonhos.

Se eu tivesse ficado, se eu tivesse seguido, se eu tivesse calado, se eu tivesse falado. De nada adianta nos consumirmos em possibilidades que não podem ser mais concretizadas. Precisamos é aprender com as escolhas, pensar novos caminhos, buscar novos horizontes… Precisamos buscar diariamente a coragem. Coragem de despir ilusões e seguir com pouco. Coragem de seguir no ritmo que conseguimos, mas seguir. Coragem para assumir com leveza as nossas decisões, sem que elas tenham o peso insuportável de serem definitivas. Se o que passou não pode ser mudado, com certeza  – e com coragem! – podemos seguir por novos caminhos!

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