
Foi decretada a Pandemia. Coisa que eu só conhecia pelos livros de história, da época em que nem decretos havia…Mesmo que hoje em dia a tecnologia nos permita ter informações em tempo real o invisível continua sendo um dos maiores desafios para o nosso coração…assim como a fé!
Assim, estava eu – acredito que como boa parte da humanidade – assistindo as notícias comovida, solidária, mas sem acreditar que todo este desespero poderia sair da tela do meu smartphone para a minha realidade. De repente, meu coração disparou: na volta de um final de semana incrivel com meu afilhado, de onibus, li notícias sobre o fechamento das fronteiras. Não apenas na Asia, mas também na Europa, Africa e, bem aqui, no meu umbigo: na América do Sul.
Me veio uma tristeza que eu não sei explicar. Foram 2 dias e meio de choro e enxaqueca. Até que na manhã do 4° dia eu com muito custo resolvi virar o jogo e fui tomar café da manhã. Enquanto me alimentava olhei para uma janela onde escrevi os países que já estive…contei 19! E logo em seguida li de novo e na relação contabilizei que em 10 destes eu cruzei fronteiras pedalando. E não vi neles, nenhuma porta ou janela. Nem um muro para colocar um cerca elétrica, nenhuma barreira que pudesse impedir minha passagem. Eu tenho 1,83 e junto com minha bicicleta ultrapassamos com – muita! – folga os 100 kg…não sou pretensiosa, mas com certeza não passamos desapercebidas….
Mesmo assim, em nenhuma fronteira fomos paradas. Em algumas, passamos deslizando… Em outras, passamos sem mesmo perceber onde era o limite, em poucas, mostramos alguns papéis e recebemos alguns carimbos. Mas e se fossemos invisíveis? Tão invisíveis quando o COVID-19 é? Eu pergunto e eu mesma respondo: passaríamos igual. Assim como o COVID-19 está passando. Entendi então minha tristeza. Justifiquei meu medo. Perdoei minha enxaqueca. Sofri com o mundo a dor da humanidade…
Confesso que ainda alterno momentos de medo e esperança mas entendi que precisamos travar uma batalha de iguais: invisível X invisível – a fé contra o vírus. A fé com todo o conhecimento científico, é claro: higiene, isolamento, prudência…mas “A” FÉ! Fé com letras maíusculas e garrafais porque se alguém ainda tinha alguma dúvida, o invisível, o desconhecido, o inexplicável, pode sim dar sinais concretos de sua existência. Cabe então a nós, escolher de que lado queremos estar: se no que edifica – a fé – ou no que destrói – o vírus.
Impossível não lembrar daquela que para mim é uma das máximas luteranas: “agir, como se tudo só dependesse de você; e confiar, como se tudo só dependesse de Deus”. Eu quero – como sempre quis! – construir, e estou em casa, isolada, fazendo planos para cuidar e desfeutar deste mundo lindo e novo que irá surgir depois que todos entenderem que o valor da vida está naquilo que dinheiro nenhum pode comprar!