A-ventura de Amar-se ….ou: Amor, Deus & Ovo

Desde pequena tive verdadeira “obsessão” pelo amor….mesmo quando ainda não sabia escrever desenhava sem cansar aquela forma cônica acompanhada de duas meia luas, que eu imaginava representá-lo… e assim corações de todo o tamanho e cores se juntavam para compor árvores, casas, pessoas, para dar forma ao meu reino! Nas dobraduras, fazia recortes e obtinha infinitos corações. Coincidentemente, as três primeiras palavras que aprendi a escrever foram Amor, Deus e Ovo. Não sei a ordem, mas era estas. Então eu cresci sem crescer e continuei acreditando em fábulas, sonhando com romances. Mas a minha Fada Madrinha trapalhona só transformou Príncipes em sapos….ou nem isso! Finalmente, depois de tantas destas transformações  – alternâncias de êxtase e agonia – eu me dei conta que deveria me voltar para dentro ( como o OVO?). Foi também nesta altura da vida que uma frase de Oscar Wilde começou a me perseguir: “amar a si mesmo é o começo de uma aventura que dura toda a vida”. E talvez não seja a minha fada trapalhona, e sim eu que, medrosa, ainda não tenha tido a coragem de verdadeiramente começar esta aventura.Então. O amor começa em si. O mandamento de  DEUS diz que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Logo, para ter o parâmetro e saber como amar ao outro, precisamos primeiro experimentar em nós. É necessário ter AMOR próprio. Mas o que  significa “amar-se”? Muitos diriam que eu tenho amor próprio de sobra! Quem me conhece, diz que eu nasci para sorrir e ser feliz (ora, quem não nasceu para isso?!). Dizem que  vivo intensamente e me abro de coração para a vida. Mas isso é amar-se? Amar por acaso é aceitar tudo? Amar é submeter-se? Amar é permitir-se tudo sempre com a desculpa de que é “só desta vez”? Amar é esta prostituição ( ou utopia?) de apenas viver o prazer? Amar é ceder a todos os caprichos do filho, nossa criança interior? Estes tempos, levei um esporro de uma amiga, que ao invés de colocar panos quentes, me deu a real. Fez sentido. Ela sim é amiga de verdade e de todo coração. Isso para mim também é amor. Dos mais puros e verdadeiros. Como então colocar este ingrediente na necessária receita do amor próprio? Acho que esta é a aventura a qual Wilde se referia: o tênue limite entre concessões e cobranças. Entre permitir-se e perdoar-se. Entre aceitar a dor como instrumento de cura e não como sentença. Entre o carinho e distração…Eu sei que preciso me amar. Me amar verdadeiramente a ponto de transbordar. Se eu conseguir esta ventura – e seguir um passo adiante na aventura – não vai mais fazer diferença se é príncipe ou sapo! Tudo passará a se encaixar naturalmente naqiele meu desenho de criança…Amar é acreditar e não desistir. Eu poucas vezes adotei esta postura comigo. E infinitas vezes ofereci ao próximo.  Perdi as contas de quantas vezes desisti sem mesmo começar…de quanto duvidei de mim…de quanto atribuí ao acaso o que foi mérito…de quanto esperei um milagre de braços cruzados. Ledos enganos. Conceitos equivocados. Nada disso é amor próprio. Finalmente, estou disposta a encarar esta aventura. Com seus sabores e dissabores. Te ho tudo que aprender. Mas também tenho a convicção de que se afinal eu conseguir, não serão mais necessários desenhos, dobraduras, nem mesmo palavras…De todas minhas aventuras, com certeza esta será a maior e mais longa! 
P.S.: Eu e minha bike, escrevendo este texto em noite de lua cheia em plena orla….e não é que no exato momento que eu me distraí para exorcizar uma doce lembrança, aconteceu!Eu vi uma estrela cadente em plena capital gaúcha…Deus abençoe meus planos!

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