
O universo é um sistema complexo, no qual até colisões dão origem a novas formas de vida. Se pensarmos no Sistema Solar – que nos é mais familiar, mesmo com centenas de anos de estudos científicos avançados, não se chegou a um porque de os planetas girarem em torno do sol. O próprio astro rei não tem este status por decreto, ou porque quis aparecer mais que os demais. E assim é. Mesmo o sol – que tanto brilha – também queima. Não por mal, mas porque é da sua natureza radiante! Eis que assim como a arte imita a vida, também a vida replica em seus maravilhosos caminhos curvos alguns movimentos do sistema solar… e, não adianta brigar com o universo e tentar reinventar a órbita dos planetas!
Nos céus, música suave…uma mochila nas costas, o capacete pendurado – displicente- , a bike e uma barraca como única bagagem – é a dupla que eu chamo de kit felicidade… duas rodas e um sistema simplesmente maravilhoso, capaz de me colocar em órbita.
Preciso tão pouco e ao mesmo tempo quero tanto: não me contento com a simples sucessão das horas, quero viver segundos com aquele nó na garganta, aquela sede de engolir o mundo…como companheiros nesta aventura de viver, apenas aqueles que também aceitam e se encantam com os desafios diários…quero viver a vida em toda a sua largura, se me importar se o caminho vai ser longo ou não…
Olho para trás e não sei em que momento aquela menina que andava literalmente agarrada na barra da saia da mãe ou dependendo da tradução de seu pai soltou as mãos e resolveu agarrar seu destino, soltou o verbo e tentou se comunicar, colocar para fora toda sua infinidade de idéias e loucuras. Não, não saberia dizer. Mas sei que é bom: sonhar um horizonte, ir atrás dele, se entregar as emoções do caminho, pirar com as voltas da vida. Olhar além…
Hoje estava lembrando que há muitos anos atrás, nesta busca incessante de certezas, ouvi uma profecia que dizia que eu conheceria o mundo e isso me pareceu o maior dos desparates. Mas, de repente, parece algo tão próximo através de conexões. A menina ainda envergonhada que até hj fica vermelha do nada já passou a linha do Equador, cruzou oceanos e mergulhou em encantadoras culturas, sempre levando no peito – prestes a explodir – o sonho de um grande amor…e, enquanto ele não me atropela, vou eu atropelando a vida com minha ansiedade de querer sempre mais.
Um dia destes estava de papo com uma amiga querida, trocando confidências e lá pelas tantas ela disse que nós somos pessoas solares, daquelas que possuem luz própria mas que – nem por isso – se negam o direito de morrer muitas vezes para depois voltar a brilhar.
É surpreendente como pessoas solares tem o mesmo movimento: em sua jornada pelo sistema solar seguem uma órbita perfeita – ainda que todos os acontecimentos – marcantes! – da vida pareçam fortuitos, fruto de suas impetuosidades. Vão, como o sol, entre revoluções e explosões, espalhando brilho mas também queimando e se queimando no caminho… E, não adianta brigar: existem companhias incompatíveis – afinal, um planeta gelado ou um satélite que apenas reflete sua luz, nunca será páreo para o Sol. E, se no verão ele escalda, parecendo extinguir todo seu calor em um piscar de olhos já está repousando em outro ponto de sua órbita, como se pretendesse guardar energias para infinitas vezes mais explodir em toda sua intensidade…