
Quando conheci a palavra grega “animos” e seu significado, foi amor a primeira vista… Meu professor de grego explicou que ela significava vento e alma. Qual a relação? Antes que perguntássemos ele seguiu: disse que na Grécia antiga, para checar se uma pessoa estava viva ou não, verificavam se havia “vento” nas narinas. Se não houvesse, era porque a alma havia deixado aquele corpo. Nunca esqueci. Achei esta relação pura poesia….e não é menos encantador começar a fazer as flexões da palavra…um pessoa animada, é aquela cheia de vento, de movimento e – por que não? – repleta de alma!
Se “animos” tornou – se minha fiel companheira, estes dias, tentando descrever momentos de felicidade suprema, percebi que ela também ensina muito sobre o amor…
E assim, peço licença ao saudoso prof. Bergamim – e também licença poética – para explicar…
O amor, assim como a “alma” é impossível de pegar, prender, possuir…Por outro lado é tão concreto quanto o “vento” que faz funcionar a maravilhosa máquina do corpo humano! E o vento, assim como o amor, ainda que invisível vai deixando marcas concretas em nossa existência…
Tenho um afilhado que me ensinou muito sobre o amor – e segue me ensinando. Como ele mora em outra cidade, nem sempre estou com ele. Mesmo assim, “meu vento” deve chegar por lá e há poucos dias ele me fez chorar de felicidade… Em seu aniversário de 2 anos, em março, dei uma bicicleta de presente para ele. Para nossa surpresa, já saiu andando, como se soubesse quantas vezes fui visitá-lo de bici e quis compartilhar com ele algo que me faz ventar, que me anima, algo que amo! Pois bem, passaram-se 8 meses, quase uma gestação, e em uma nova visita fomos ao parque e ele fez questão de levar sua bici. Quando vi a animação dele para lá e para cá com ela, fazendo pose para foto e tudo mais, chorei. Sim, chorei! Chorei porque entendi que este é o verdadeiro amor: aquele que não prende, não obriga, que não está sempre presente, mas que faz sorrir o coração – como um passe de mágica, como um toque do vento: suave, intenso, concreto.
Outra prova deste “amor – animos” é minha prima. Ela é dez anos mais nova. Convivemos muito pouco, quase nada. As redes sociais nos aproximaram, nos mostrararam infinitas afinidades….Quando nos encontramos, é uma festa: histórias sem fim, sonhos, entusiasmo, alegria de descobrir raízes. Pois minha prima querida foi morar na Alemanha e de lá – pelas redes sociais – me apresentou a “Neca”, sua bicicleta que ganhou para curtir o país de nossos ancestrais e realizar um sonho que acalentava desde criança, junto com seu pai. Neca – não por acaso – é meu apelido de infância e, quem me conhece sabe o quanto eu amo bicicleta…ela batizou de Neca pois disse que sou inspiração para suas pedaladas…foi uma das homenagens mais lindas e tocantes que já recebi. Puro amor. Deste “amor animos”: livre e intenso, coisas de alma mesmo…
Nestes dois momentos, coincidentemente, a bicicleta! Ela, que me faz ser livre e ventar e nem por isso amar menos…porque – graças a Deus e as linhas tortas da vida, existe um homem-bicleta, que também tem me ensinado muito mais do que imagina sobre animos…