
Se eu fosse milionária…
Para começar…eu nunca seria. Não destas convencionais! O objetivo da minha
vida, dos meus sonhos e suspiros nunca foi juntar cédulas, multiplicar zeros à
direita, e sim aproximar corações… ao mesmo tempo, meu eterno desafio é de
viver apenas com o que for preciso, apenas com o que ninguém possa me tirar…
Quando entraram em minha casa, passado o susto de eu estar dormindo na hora do
“sinistro” e provavelmente ter sido fitada pelo amigo alheio…achei graça da
frustração que deve ter sentido o ladrão ao não encontrar coisas de valor. Todos
meus tesouros passaram despercebidos…
Se eu fosse milionária…ao invés de juntar gostaria de espalhar: compraria um terreno que existe na esquina da minha casa, derrubaria os muros e o transformaria em um horta e pomar comunitários… Lembro com alegria e prazer quando me mudei para uma casa na zona sul e fiz um farto canteiro de ervas. Quando o primeiro vizinho bateu para pedir uns “chás”… foi inesquecível. Foi para mim como tornar-se parte de uma poesia maior… Até hoje esta é uma das minhas músicas preferidas: podo ramos do pé de louro, coloco na calçada e ouço a alegria dos que vem e vão e encontram um “tempero” de graça. Graça. Acho que esta é uma das chaves mais poderosas para abrir todas as portas, para abrir nossa vida para viver a felicidade que é inerente a todo ser humano-divino…
Talvez esteja no sangue: minha vó conversava com suas flores, meu pai engenheiro enchia o reboque de laranjas e convidava todos operários para se servirem… Um dia destes dias enchi a cesta da bike e distribui maracujás no trabalho…para quem quisesse…Que alegria partilhar! Que sem graça acumular! E por falar em sangue… eu adoro doar sangue: é outro bom exemplo da vida que se multiplica quando é compartilhada.
Se eu fosse milionária, não juntaria metros quadrados de preocupação, acumulando móveis e imóveis porque hoje o meu bem mais precioso é minha quantidade de verde que reúne a passarada e deixa o gato com os olhinhos brilhando ao pensar na sobremesa… Meu maior patrimônio são minhas histórias e meus sonhos que brotam a cada dia como água de cachoeira…
O pecado maior é não sermos divinos